segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Sugestão de uma "Boa Pedida" pra Leitura



Ana Lúcia Vieira de Andrade, professora doutora em Estudos Hispânicos pela McGill University, com especialidade em Teatro Brasileiro, que atuou profissionalmente no Programa de Pós-Graduação em Teatro da UNIRIO como professora e pesquisadora de 2003 a 2007, em parceria com Ana Maria Bulhões de Carvalho, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Teatro da UNIRIO.

Pois é, mais de um ano depois o livro A Mulher e o teatro brasileiro do século XX vai - finalmente! - será lançado na próxima terça, dia 25 de novembro, no Espaço Cultural Furnas (Rua Real Grandeza, 219 - Botafogo) e, esta que vos escreve está a caminho do Rio de Janeiro para a noite de autógrafos. Afinal, não sou - ainda! - uma fera, mas como sempre gostei de estar entre elas, para exercitar minha vocação de aprendiz, integro o time de autores do livro.

Com o objetivo principal de discutir o lugar da mulher no teatro brasileiro como empresária, dramaturga, encenadora e atriz, a fim de estabelecer a relevância do papel de nomes como Bibi Ferreira, Dercy Gonçalves, Tonia Carrero, Cacilda Becker, Maria Della Costa, Dulcina de Moraes, Fernanda Montenegro, Bia Lessa, Marília Pêra e outros para a cena e a cultura nacionais, o livro busca explicitar a contribuição de cada uma dessas personalidades para o desenvolvimento do teatro moderno no Brasil do século XX.

Segundo Ana Lúcia, "é um projeto que busca valorizar os ícones femininos que ajudaram a escrever a história dos nossos palcos através de um mergulho em suas biografias, carreiras e no tipo de intervenção estética proposta por cada uma delas

No mesmo Espaço Furnas Cultural já está aberta, desde o dia 6 de novembro, uma exposição com o mesmo título do livro. A exposição reúne imagens que vão, cronologicamente, dos primeiros anos do século XX até a década de 1990, apresentando, também, em vídeo digital, algumas das performances femininas mais memoráveis da cena brasileira. Imperdível os vídeos de Bibi Ferreira em Gota d'água e de Fernanda Montenegro em As lágrimas amargas de Petra Von Kant.
Bibi Ferreira com 18 anos.


Já o livro, editado pela Hucitec e realizado com verba do MEC através da Fundação CAPES, é composto por entrevistas, artigos e depoimentos e conta com os seguintes colaboradores: Sérgio Britto, que escreve sobre Fernanda Montenegro; Maria Thereza Vargas, sobre Cacilda Becker e Tônia Carrero; André Valli, sobre Marília Pêra; Deolinda Vilhena, sobre Bibi Ferreira; Tania Brandão sobre Maria Della Costa; Virgínia Namur sobre Dercy Gonçalves; Sérgio Fonta sobre Dulcina de Moraes; Angela Reis sobre Eva Todor.

Some-se a esses textos os depoimentos de Leilah Assunção, Consuelo de Castro e Maria Adelaide Amaral em entrevista concedida a Ana Lúcia Vieira de Andrade; entrevista de Bia Lessa concedida a Flora Sussekind; depoimento de Maria Helena Kühner; entrevista de Inês Cardoso com Lúcia Coelho (criadora de teatro de bonecos); texto de Inês Cardoso sobre o teatro de Maria Clara Machado; texto de Cláudia Braga sobre Bárbara Heliodora; texto de Marise Rodrigues sobre Maria Jacintha.

Fernandinha Montinegro.

Detalhe: os colaboradores são, em sua maioria, doutores em teatro que escreveram dissertações, teses ou trabalhos mais vastos sobre as personalidades que analisam.


Marília Pêra e Nestor de Montemar em Onde canta o sábia (1966)


Além do livro e da exposição o projeto A Mulher e o teatro brasileiro do século XX envolve, também, o lançamento de um documentário intitulado Virgínia Lane e o Teatro de Revista Carioca.

O documentário é um trabalho de cunho histórico, de resgate da nossa memória artística e cultural, no qual se discute temas como o surgimento das revistas, sua construção como gênero, a relação da mulher com esse tipo de teatro, a censura getulista, o cinema da época, os artistas da revista e a trajetória da vedete Virgínia Lane nos palcos do Rio de Janeiro e do Brasil entre as décadas de 1930 e 1960.

As atividades do dia 25 de novembro no Espaço Cultural de Furnas terão início às 18h com a exibição do documentário, em seguida haverá uma mesa-redonda da qual participarão Leilah Assunção, Consuelo de Castro, Maria Thereza Vargas e esta colunista de vocês. Para encerrar a festa a noite de autógrafos, com direito a um coquetelzinho básico que ninguém é de ferro.
Marilia Pera.

Quando mandei um convite para meu amigo Sérgio Farias, ele não perdeu a "deixa" e fez a observação seguinte - diga-se de passagem mais do que pertinente:

- Note-se que, como é usual, usa-se o termo teatro brasileiro para se falar do teatro que se faz no Rio e São Paulo... importante estimular a pesquisa e a escrita sobre o teatro que se faz em outras paragens.

Aproveito meu espaço em Terra Magazine para sugerir, publicamente, a Ana Lúcia Vieira de Andrade que o segundo volume de A Mulher e o teatro brasileiro do século XX inclua algumas atrizes importantes de outros estados. Só assim, nos aperfeiçoando a cada edição, a cada dia, poderemos escrever a verdadeira história do Teatro Brasileiro, mesmo sabendo, que apesar de todos os nossos esforços, ela jamais estará integralmente escrita.

Mas podemos fazer a nossa parte. Espero encontrar no Rio todos os meus amigos queridos e os que não puderem ir ao nosso encontro no Espaço Cultural Furnas podem, e devem, procurar A Mulher e o teatro brasileiro no século XX nas boas casas do ramo, excelente presente de Natal para mães, pais, avós, avôs, filhos, netos. Afinal conhecer a história dos que fizeram esse país é conhecer melhor a sua própria história...

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