quinta-feira, 4 de março de 2010

Mais uma Bela Ícone em referência ao Teatro Brasileiro



Estreou profissionalmente no palco do Teatro Copacabana, no Rio de Janeiro, em 1949, na companhia de Fernando de Barros, fazendo, ao lado de Paulo Autran e sob a direção de Silveira Sampaio, "Um Deus Dormiu Lá em Casa" (Anfitrião), de Guilherme Figueiredo, já angariando prêmio de atriz revelação pela Associação de Críticos Cariocas, e chamando logo a atenção pela sua beleza e malícia. Seguiu-se em 1950, na mesma companhia, e com direção de Ziembinski, "Amanhã, Se Não Chover", de Henrique Pongetti.

Foi, então, contratada pela Companhia Cinematográfica Vera Cruz, onde fez “Tico-tico no fubá” e “É Proibido Beijar” .

Em 1951, Tônia Carrero mudou-se para São Paulo, contratada pela Companhia Cinematográfica Vera Cruz; vindo a estrear no Teatro Brasileiro de Comédia, TBC, em 1953, obtendo sucesso pessoal, sob a direção de Adolfo Celi, em "Uma Certa Cabana", de André Roussin.



Sua curta trajetória no TBC incluiu participações em: "Uma Mulher do Outro Mundo", de Noel Coward, novamente dirigida por Celi, 1954; no mesmo ano, "Negócios de Estado", de Louis Verneuil e no papel-título em "Cândida", de Bernard Shaw, ambas direções de Ziembinski; e "Santa Marta Fabril S. A.", de Abílio Pereira de Almeida, mais uma encenação de Adolfo Celi.

Desligou-se da companhia paulista para fundar no Rio de Janeiro, junto a Adolfo Celi, agora seu marido, e o seu grande amigo Paulo Autran, a Companhia Tônia-Celi-Autran, CTCA, que estreou em 1956 com "Otelo", de William Shakespeare, em que Tônia Carrero fez uma elogiada Desdêmona. Na empresa da qual era sócia, Tônia protagonizou grande parte das produções, o que lhe permitiu, no contato com um repertório eclético, ir amadurecendo o seu ofício. Sob a direção de Celi, atuou, entre outras, em: "A Viúva Astuciosa", de Carlo Goldoni, "Entre Quatro Paredes" (Huis Clos), de Jean-Paul Sartre, ambas de 1956; "Frankel", de Antônio Callado, 1957; "Calúnia", de Lillian Hellman, 1958.



Em 1960, recebeu o Prêmio Governador do Estado de São Paulo de melhor atriz por "Seis Personages à Procura de Um Autor", de Luigi Pirandello, estreado no ano anterior.

Em 1965, sem a estrutura da CTCA, sem a presença de Adolfo Celi, que havia guiado e impulsionado a sua carreira, Tônia Carrero criou a sua própria empresa, a Companhia Tônia Carrero, que não é mais um conjunto estável, mas uma firma que viabilizará as esporádicas montagens protagonizadas pela estrela. Interpretou com graça, ao lado de Paulo Autran, "A Dama do Maxim's", de Georges Feydeau; agora dirigida por outro diretor italiano, Gianni Ratto, 1965.

Em 1968, alcança um ponto alto em sua carreira, com a patética Neusa Suely, personagem principal de "Navalha na Carne", de Plínio Marcos. Sob a vigorosa direção de Fauzi Arap, artista que muito a influenciou nessa fase, Tônia despe-se da sua proverbial beleza e elegância, para mergulhar fundo no sofrimento e nas humilhações de uma miserável prostituta, levando os prêmios Molière e Associação de Críticos Cariocas.



Tonia Carreiro.....
Em 1970, Tônia Carrero voltou a ser dirigida por Fauzi, experimentando, em companhia de Paulo Autran, um drástico insucesso em uma montagem de "Macbeth", de William Shakespeare.

Em 1971, ela interpretou a Nora de "Casa de Bonecas", de Henrik Ibsen, sob a direção do seu filho Cecil Thiré. Ainda com ele, em 1974, comemorou seus 25 anos de teatro com o grande sucesso comercial de "Constantina", de Somerset Maugham. Protagonizou "Doce Pássaro da Juventude", de Tennessee Williams, com direção de Flávio Rangel, 1976. Dirigida por Antunes Filho, fez a pesonagem Marta de "Quem Tem Medo de Virgínia Woolf?", de Edward Albee, 1978. Com direção de Adolfo Celi, em visita ao Rio de Janeiro, fez a comédia "Teu Nome É Mulher", de Marcel Mithois, 1979. Protagonizou "A Volta Por Cima", texto e direção de Domingos de Oliveira, em 1982.

Voltou a contracenar com Paulo Autran, e sob a direção deste, no árduo texto de Marguerite Duras, "A Amante Inglesa". Interpretou em 1984, com êxito de bilheteria, o papel de Sarah Bernhardt, em "A Divina Sarah", de John Murrel, direção de João Bethencourt.

A partir de 1986, Tônia Carrero parece mudar radicalmente os rumos de sua carreira, deixando de investir em clássicos e textos de resultado garantido, para correr o risco na produção e na interpretação de textos modernos, com encenadores de linguagem investigativa. Sua interpretação surpreendeu o público e crítica em "Quartett", de Heiner Müller, dirigida por Gerald Thomas, que ela conheceu na Off-off Brodway, em Nova York, e trouxe para o Rio de Janeiro, recebendo o Molière de melhor atriz.

Em 1989, sob a direção de Marcio Aurelio, comemorou 40 anos de carreira encenando um solo: vivendo Zelda Fitzgerald em "Esta Valsa é Minha", de William Luce, Tônia mostrou agilidade movimentando-se coreograficamente entre tapadeiras móveis no palco do Teatro Glória.




Em 1990, reencontrando o parceiro de cena Paulo Autran, aventurou-se em "Mundo, Vasto Mundo", uma coletânea de textos de Carlos Drummond de Andrade.


Na TV, Tônia Carrero estreou em “Sangue do meu Sangue”. Fez também as novelas “Pigmaleão 70”, “O Cafona”, “Primeiro Amor”, “Louco Amor”, “Água Viva”, “Sassaricando”, “Kananga do Japão”, “Esplendor”.


Foi casada por três vezes. Tem netos e bisnetos.

Em 2003, fez uma participação especial na novela "Senhora do Destino".

Em 2007, Tônia foi dirigida pelo neto Carlos Thiré em peça traduzida pelo filho, Cécil Thiré: "'Um Barco Para o Sonho', de Alexei Arbuzov, no Teatro Maison de France, no Rio.

Além do espetáculo, foi inaugurada, no saguão do Teatro Maison de France, uma exposição de fotos e figurinos de 12 personagens que marcaram a carreira da atriz.

Depois de 20 anos afastada das telas, em 2008 Tônia Carrero retornou ao cinema no filme "Chega de Saudade".

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